
A experiência de participação digital da plataforma Brasil Participativo foi um dos exemplos de boas práticas de inovação compartilhados durante o simpósio Acelerando a inovação no setor público: apresentação da Incubadora Gov2Gov. O evento ocorreu no dia 22 de maio, em Paris (França), e reuniu iniciativas selecionadas pela incubadora Gov2Gov, ação do Observatory of Public Sector Innovation (OPSI) da OCDE.
Além de apresentar as experiências e resultados dos projetos de diversas partes do mundo, o painel que contou com a participação brasileira discutiu sobre o poder das parcerias internacionais e do aprendizado coletivo para impulsionar a inovação pública.
“A reconstrução da confiança é pré-requisito para o engajamento cívico, sendo este um desafio global da democracia. As plataformas de participação digital, como o Brasil Participativo, são instrumentos essenciais para aproximar cidadãos e governos nesse cenário”, destacou Ricardo Poppi, pesquisador da Universidade de Brasília. A instituição é parceira da Secretaria-Geral da Presidência da República (SGPR) no desenvolvimento da ferramenta de participação digital do governo federal.
O representante da equipe do Brasil Participativo reforçou que a escuta efetiva é essencial para que a população confie e se engaje nos processos participativos. Para isso, são necessárias estratégias nas quais o cidadão se sinta importante e escutado.
“As pessoas precisam perceber que a opinião delas fez a diferença e que suas demandas foram debatidas. Elas têm que receber um retorno concreto, direto e personalizado. O governo, então, tem que demonstrar investimento nessa discussão com o cidadão e buscar incorporar seus desejos e necessidades, mesmo que a demanda original se transforme durante o processo de mediação, o que pode transcender o digital e envolver diversos formatos”, ponderou Poppi.
O painel foi coordenado por Bruno Monteiro, analista de políticas da Direção de Governança Pública da OCDE. A mediação ficou a cargo de Beatriz Belmonte, consultora de design de políticas públicas da Better Public Services, da Espanha. A sessão contou ainda com a participação de Paul Grignon, gerente de projetos em Ciência de Dados e Ciências Comportamentais do Ministério da Transição Ecológica da França; Emanuele Colini, chefe de Habilitação e Entrega Ágil do INPS, da Itália; e Juan Leal Zubiete, conselheiro técnico para Transformação e Inovação na Administração Pública e Proteção de Dados da Junta de Andaluzia, da Espanha. A chefe de Unidade da Direção-Geral de Pesquisa e Inovação da Comissão Europeia, Katja Reppel, atuou como keynote listener.
Gov2Gov
O Gov2Gov Innovation Incubator, da Observatory of Public Sector Innovation (OPSI) da OCDE, funciona como uma incubadora de inovações para superar os desafios do setor público de forma colaborativa. Dentre um grupo de mais de 70 inscritos, quatro experiências foram selecionadas para apresentar seus desafios na área de democracia participativa: Brasil, França, Espanha e Itália. A partir dos casos, oito equipes foram escolhidas para serem “fornecedores de soluções” para as questões apresentadas.
O Brasil Participativo apresentou o desafio: como promover uma participação digital mais inclusiva e justa? De setembro de 2024 a março de 2025, o país trocou experiências em torno da questão com as cidades de Londres e Nova York.